Caquetá
Colômbia

El Doncello, localizado próximo da cordilheira oriental no norte de Caquetá – um dos seis departamentos que compõem a Amazónia colombiana -, está situado numa das mais importantes fábricas de água do planeta devido ao seu clima tropical húmido que o torna um território rico em biodiversidade.

El Doncello é o principal município produtor de borracha da Colômbia, povoado através de processos migratórios de camponeses do interior do país, especialmente de Tolima e Huila, que procuravam alternativas para os seus problemas sociais. Com machados e machetes, abriram caminhos até chegarem às matas virgens da selva e às colinas amazónicas onde viviam comunidades indígenas – vítimas dos processos de colonização – que se foram deslocando de forma gradual.

El Doncello cresceu através de planos de colonização dirigidos pelo Estado como política face à violência bipartidária dos anos 1950 na Colômbia, na esperança de “pacificar” o centro do país. Este processo conduziu à expansão das produções agrícolas, terras que posteriormente foram utilizadas para a criação pecuária extensiva. Posteriormente, na década de 70, teve início o processo de colonização relacionado com a produção de coca, que também teve um impacto negativo no processo de desflorestação.

A construção social de Caquetá tem sido produto da procura de oportunidades por parte das famílias por diferentes economias, deslocações forçadas por causa de violências históricas, de proprietários de latifúndios que se aproveitam da pobreza do campesinato empobrecido pelas políticas do estado para se apoderarem das suas terras, um lugar geoestratégico para guerrilheiros como o M-19 e as FARC-EP, das políticas militaristas do Estado, da presença de paramilitares, entre outros.

Neste contexto, existem fortes movimentos sociais de resistência no território, que, em muitos casos, são acusados ​​de serem apoiados pela guerrilha, o que tem repercussões na sua capacidade de ação. Porém, além desta estigmatização, atuam também no sentido de rejeitar atividades extrativistas, megaprojetos hidroelétricos e ações de desflorestação.